sábado, 7 de março de 2015

Primeira vez

Quero-te ter como a primeira vez. Como se a vida afundasse nas amarguras e procurasse em nós um encanto para se puder viver. Diz-me que sim, que ficas comigo mesmo que tenhas que ir. A vida é tão pouco quando não estás aqui para partilhar um momento de silêncio em frente daquela janela a ver o pôr-do-sol. Oiço o bater da porta e vejo que não entraste. Fiquei aqui nesta imensidão que se torna cada vez maior na tua ausência. Faz-me viver o que a vida me faz perder como areia a passar-me pelos dedos. Vejo tudo à volta cair e tu aqui não estás. Pedi-te que ficasses, para que me fizesses amar-te uma última vez. 


Os raios de sol partem o vidro da janela e aquele nosso retrato já não está na parede. O que foi feito de nós? Um nós que viajou para lado nenhum, fugiu para um mundo que já não existe. Diz que sim, que voltas, que ficas, que és meu como a primeira vez.








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