segunda-feira, 11 de maio de 2015

Adeus

Paredes partidas, janelas de vidros quebrados, pó sobre os móveis degradados e no chão livros desfolhados. Um cenário em preto e branco. Uma típica cena de um filme mudo: as bocas mexem mas não se ouvem as vozes. Existe uma música de fundo, uma linda melodia, o lindo som que o silêncio faz. Ando por esta mansão a explorar as paredes que estão prestes a ruir. Umas escadas, com tantos degraus que não os consigo contar. Meti a mão no corrimão cheio de pó, subi um degrau e ouço os ruídos da madeira. Ao longo desta escadaria vejo uma porta a abrir com a corrente de ar. Estava eu no segundo ou terceiro andar, não estou certa. Entro por aquela porta e reparo numa cama de casal sem colchão, um espelho partido ao qual me aproximo, retiro um pedaço de vidro e vejo-me ali reflectida. Fecho os olhos e sinto o vento que me faz mexer o cabelo. Abri os olhos e vejo uma varanda, com pequenos pedaços da cortina. Uma varanda, aqui estou eu algures no alto a olhar para baixo. Isto é mais alto que pensava, é melhor do que eu pensava. Respiro fundo, fecho os olhos e abro os meus braços e sinto um pouco mais de vento na minha pele. Deixei-me cair e aqui estou eu, estendida no chão com falta de ar e dores no meu corpo todo. Já não é um cenário em preto e branco, desta vez havia vermelho, o vermelho do meu sangue. Está na hora de ir. Vou fechar os olhos e partir. Adeus.

Sem comentários:

Enviar um comentário