Desamarrar

 Ok, então é agora. Agora está-se a tornar realidade o meu maior pesadelo. Já disseste que tens para onde ir e que vais embora. Engulo em seco as palavras que me dizes e dou-te um sorriso. Por dentro? Já não sei o que estou a sentir. Sei que dói, sei que me tortura, sei que me corta tanto mas tanto que não consigo respirar. Dói tanto saber que a realidade que se estava a aproximar, está agora à minha porta e tudo o que posso fazer é abrir a porta e deixar-te ir. Esboço um sorriso, porque é tudo o que eu posso fazer. Não te posso prender mais e por isso está na hora de te desamarrar dentro de mim e deixar-te ir. 

Deixo-te voar

Estás tão distante, cheio do mundo, de olhar vazio. Se eu pudesse, transformava essa confusão numa linda melodia. Tocar-te, fazer-te ver que está tudo bem. É uma questão de tempo para ficar tudo bem. Se te pudesses ver pelos meus olhos, vias o encanto que carregas na alma, o brilho que me encandeia e me transmite paz. Tudo em ti é perfeito, à exceção desta distância, este pequeno contratempo nos nossos planos. Uma pequena contrariedade, que torna tudo isto mais saboroso. Não desesperes, o tempo flui e encarrega-se de te salvar, de te curar. Estarei aqui para ti, para o bem e para o mal, mesmo que separados, estarei sempre aqui para ti. Não há distância ou contrariedade que me faça ir embora de ti. Passo a passo caminharás ao rumo ao caminho que pensaste estar longe de alcançar. Se tu soubesses a força que tens, se soubesses da coragem que tens, entenderias que tens tudo nas tuas mãos. Podes ir embora, e eu deixo-te ir. Não posso ignorar tudo o que me dói por te perder, mas deixo-te ir. Deixo-te voar, abrir as asas e voar. O céu é teu, o mundo é teu, tudo é teu e, tudo irá permanecer no mesmo lugar caso queiras voltar. Estarei aqui para ti, caso queiras voltar. 

Até já

 Hoje disse-te adeus. Disse adeus com um gosto de um até já. Sinto nas profundezas do meu ser que nunca irá ser uma despedida. Fomos por caminhos remotos, caminhos atribulados, sim, é verdade, mas a conexão que sempre tivemos não desaparece assim. Não sabemos quem somos, não sabemos para onde queremos ir, mas continuamos de pé. Partimos hoje, para caminhos separados mas partilhamos a mesma luz. Partimos hoje apenas nos encontrarmos de novo. Não acreditas em mim, eu entendo, isto parece tão impossível, mas aprendi recentemente que na vida não há impossíveis. Iremos nos encontrar de novo sim. Sei que sim. Mas hoje, partimos de viagem a descoberta daquilo que realmente somos, do que realmente precisamos, do que realmente queremos. Não te preocupes, não estou preocupada com o tempo, não estou preocupada com as diversidades que a nossa vida nos irá trazer. Sei que pertenço a ti, sei que o meu lugar é caminhar ao teu lado, sei que as nossas mãos se separaram hoje, mas se juntarão novamente amanhã. Talvez encontremos novos amores, novas paixões, mas ambos vamos sentir que nada se irá equiparar ao que tínhamos. Cada beijo que não vai ter o mesmo gosto. Cada abraço que se sente tão solto. Uma vida que só tem gosto a amargura e vazio. Poderás encontrar alguém sim. Posso encontrar alguém sim, mas as nossas diferenças que são tão magnéticas que nos vai trazer de volta a um novo ponto de partida. Talvez, faça sentido nessa altura que isto nunca será um Adeus. Por isso, Até já.

Diversidades

 Já se passaram tantos anos e eu,

Ainda me lembro do começo,

Vejo agora tudo o que se perdeu,

Passado e o futuro tudo do avesso.

Pedes-me para ficar,

Ao mesmo tempo falas-me em despedidas,

Não sei como esperas que vá resultar,

Se pelo caminho só ficaram as feridas,

E promessas por se concretizar.

Só me sinto a afundar num pesadelo,

Que não consigo sair por mais que tente,

Mesmo que conte com Deus sei que o Diabo vai tecê-lo.

Só pensas em desistir do que temos,

A vida tem destas tretas e dificuldades,

A fugir dos problemas sempre aprendemos

Ter a coragem de enfrentar estas diversidades,

É na coragem que nos abstemos.

De novo

Não me faltam palavras para te dizer,
Tudo o que eu sinto por ti,
Falta-me é a coragem para viver,
Num mundo em que não estás aqui.

Se tudo o que eu idealizo fosse verdade,
Estaríamos neste momento abraçados
Ao amor que dissemos ser realidade
Até ao fim dos nossos anos de casados.

Triste fatalidade,
Que me mata e entrega
A esta dor e a esta saudade
Que no meu coração se esfrega.

Se tudo o que fosse para ser,
teria sido contigo do meu lado,
Mas não posso deixar de ver,
Que não se arranja aquilo que está estragado.

Tentei por ruas e travessas,
Fazer-te ver que tudo o que te disse,
Nunca foram apenas promessas,
Mesmo que o meu coração se dividisse,
Nunca iria curar as nossas desavenças.

Mas o tempo cura tudo,
E ainda acredito,
Que voltarás para mim no último segundo,
Mesmo depois de tudo dito,
Ambos sabemos que no fundo,
Sempre fomos apenas nós,
Apenas tu e eu,
Num mundo a sós,
A construir de novo tudo aquilo que se perdeu.

Se a esperança existir,
Será a última morrer,
E irei te mostrar que te posso fazer sentir
Este amor renascer e permanecer
Intacto e forte,
Se mesmo assim quiseres seguir,
Desejo-te toda a sorte,
Que seja um melhor caminho,
Mesmo que seja complicado
Como um labirinto,
Permaneço a teu lado,
A ensinar-te a confiares no teu instinto.

O que faltou?

 O que faltou? Diz-me, o que faltou para ter resultado? O que faltou para sentires a minha falta? Este aperto no peito que insiste em me lembrar tudo o que és para mim. Esta falta de fôlego que me lembra toda vez que te respirava em mim. Esta cama vazia que me lembra todos os olhares de cruzámos. Tudo me lembra, que não estás aqui. Diz-me, o que poderia fazer mais para não quereres ir embora? O que poderia ter feito para que pudesse concretizar este sonho inalcançável do que poderíamos ser? Lembro-me, de nos ver naquele altar em que jurámos amor eterno. Lembro-me, de nós bem velhinhos a cantar juras de amor. A realidade fria que me traz de volta a este lugar tão vazio sem ti. A verdade, é que te amo, tanto. O que faltou? O que faltou para sermos de verdade? 

O sol nasceu

 A noite tornou-se gelada e pálida quando não estás aqui. Quando nós partilhámos a lua, mesmo estando frio lá fora, existia aquele calor nos nossos corações que ninguém nos podia tirar. O dia passa mais devagar, perdeu toda aquela magia de quando chegavas com um sorriso nos lábios, trocávamos um beijo e tudo ficava bem. As horas passavam a correr, onde caia a noite e já nascia o sol. O silêncio torna-se ensurdecedor e o vazio torna-se cheio de medos, pensamentos de que um dia fomos e já não existe mais.

Pensei ser feita para ti, assim como, foste feito para mim. A luz se apagou nos teus olhos e as dúvidas instalaram-se no teu coração. Gostava que visses, todos os sonhos que sonhei para nós. Todos eles realizados nas fundações daquilo que sentimos um pelo outro. A realidade, é que não estás mais aqui e eu apenas, me pergunto se algum dia voltarás, a ser para mim, um amor eterno, um vazio preenchido de sonhos, um dia cheio de sol e aquela noite que viu o sol nascer para nós. 

Sonhar não tem preço

 Tu foste o sonho mais bonito que sonhei. Posso continuar a sonhar-te? Aqui, do meu lado, numa noite fria, embriagados pela vontade de amar cada traço do nosso caminho. Uma vela acesa, mas o que nos ilumina é a luz, que ali dorme no berço, tranquila, resultado de um sonho, que sonhámos juntos. Porque é que tem que ser assim? Vem uma tempestade de nos tira toda a vontade de continuar a traçar sonhos juntos, que nos tira a vontade de amar cada passo que damos juntos. Cruel, diria. É cruel, como o jogo muda de lado e nos atira para lados tão distantes. Estou aqui, sozinha, a tentar chegar a ti. Uma luta que travo comigo mesma, neste quarto. Quando é que isto chega ao final daquele sonho que sonhei para nós? Velhinhos, a contar-mos a história de quando nos conhecemos à nossa pequenina, sermos o exemplo de um amor que a nossa filha vai sonhar também. "Quero um amor como o dos meus pais...". Sonhar não tem preço, mas o meu coração está a pagar caro por te perder.  

Não chega

 Dá-me um minuto. Apenas um minuto. Preciso de respirar. Respirar fundo. O mundo está a ir depressa demais e o meu coração bate depressa demais. Estou a perder o controlo de tudo o que está a minha volta e o pior? Estou a perder o controlo de mim mesma. Calma. Como procurar calma no meio desta confusão que a minha vida se tornou? Descomplica. Respira fundo. Um aperto no peito que dói cada vez mais, uma dor que dói demais. Perdi tanto, mas não te posso perder. Perdi tanto, mas não posso perder a minha luz. Está uma escuridão insuportável dentro de mim. Esboça um sorriso. Finge que está tudo bem, vem ali alguém que não sabe. Não sabe de nada e por isso não se passa nada. Esconde e já deixou de existir. Não, ainda sinto tudo. Tudo é demais. Demais. Sê grata. Sou. Profundamente grata por ter as pessoas que mais amo perto de mim. Por favor? Não as leves de mim. Sê grata. Sou. Profundamente grata por viver e ver a minha luz crescer. Por favor? Deixa-me viver um pouco mais. Sê grata. Sou. Profundamente grata por me dares tudo o que ninguém tem, mas... Por favor? Faz esta dor ir embora. Dói-me respirar. Dói-me pensar. Dói-me até a alma. Por favor? Leva esta dor contigo. 

Não chega...

Estrelinha

O céu ganhou mais uma estrelinha e eu hoje ainda não consigo acreditar que partiste. Ainda me lembro quando a minha maior felicidade foi ampliada em duas vezes. Custou-me tanto a acreditar que iria trazer ao mundo dois lindos anjinhos. Todos os planos, todos os medos, todas as histórias que tinha pensado em te contar. Meu pequeno, enquanto escrevo isto tenho no meu coração a minha maior alegria e a minha maior tristeza. Foste tão forte, apesar de tudo sempre quiseste mostrar à mãe que estavas aqui, que me ouvias e que me sentias. Ainda me lembro de quando pedias a mana para te dar um pouco mais de espaço, as vossas brigas, nunca me irei esquecer. É com um grande sofrimento que tenho que me despedir de ti porque até agora nunca o consegui fazer, não consigo acreditar, nem quero acreditar que já não estás entre nós, que já não te posso sentir mais, que não te posso conhecer, que não te abraçar nos meus braços bem forte mas nunca, jamais irei te deixar de amar. 

O céu ganhou mais uma estrelinha, olha por mim, pelo pai e pela mana. Sentimos muito a tua falta mas agora estás em paz, já não sofres mais... Nunca te esqueças que os pais e a mana te amam muito. Estejas onde estiveres sorri sempre porque sempre que olhar para o céu minha estrelinha, vou sorrir para ti. 

Será de ti o mesmo de mim?

E se a vida for demasiado curta para conter a verdade? Derrotarias comigo essas barreiras que nos impede de seguir em frente?  E se a verdade for tão crua e dura como aquelas mentiras que ousas esconder? Desvendarias esses mundos desconhecidos meramente para ter-mos o prazer de nos conhecer de novo? Quantas voltas darias apenas para voltar ao começo? Sei que não é fácil ver a profundidade do que somos quando nos sentimos à superfície. Será que o fundo do que somos é tão nítido quanto aquilo que pensamos ver? Essas águas de ti que desaguam no meu corpo, que vão e voltam apenas para ter aquele gosto do meu corpo de novo e outra vez. Montanhas de mim que insistes em escalar para chegares ao topo daquilo que sou e mergulhares naquilo que outrora fui. Oceanos longínquos que tocam o horizonte dos nossos desejos impossíveis de alcançar, num encontro tão poderoso quanto àquele que acontece entre nossos olhares. Será de ti o mesmo de mim? Preso a mim como eu estou acorrentada a ti? Livre do mundo e prisioneiro de um mundo que escolheste te prender. Mundo de nós dois. Eu e tu. Seremos capazes de fugir das sombras que nos consomem apenas para tocarmos as luzes que sonhámos. Seremos capazes de parar e parar para observar tudo o que construímos até aqui, sem nunca parar de sonhar e sem nunca desistir de construir mais uma vez tudo aquilo que somos juntos. Agora, diz-me. Será de ti o mesmo de mim? 

Alento

De tudo o que mais temo é isto... o vazio que se instala quando estou sozinha. Invadem-me todos os tipos de medos irracionais, que me atormentam e me enchem de frio.
De tudo o que mais temo é isto... um aperto no peito tão grande me encosta o coração desolado à minha coluna. Tudo isto só me faz questionar realmente quem eu sou e o que valho. Faz-me questionar... o que há no mundo para mim? para além, deste frio horrendo que me atravessa a alma e me corta o corpo por dentro. Quero fazer mais, mas preciso de coragem. Preciso de lutar por mim, mas não tenho força. Dizem que se não gostar de mim mesma mais ninguém irá gostar, mas invoco a questão.. o que me dará alento para continuar a viver? Se nada de mim me resta, se pouco de outros terei? O que me dará força senão tenho gestos de força, palavras amigas. O que me dará alento.... se estou aqui sozinha?

notarias?

se eu desistir?
se eu desistir de tudo,
se deixar de sentir?

se eu desistir?
Sentirias o mesmo por mim?
Ou desistirias comigo?

se eu desistir?
Estarias aqui para o impedir?
Estarias aqui para dizer tudo o que eu precisava de ouvir?

Se eu desistir?
Irias me deixar ir?

Se eu desistir,
Se eu deixasse tudo para trás,
Sem sequer questionar a minha existência,
Irias ser capaz,
Viver com a minha ausência?

Se eu desistir?
Deixarias algo por dizer?

Se eu viver?
Permaneceria tudo igual?


Se eu vivesse?
Ficarias?
Se eu desistisse?
Notarias?

atravessar

e este medo que me atravessa,
ando às voltas e voltas,
à espera que nada aconteça.

e este medo que me invade,
que me faz me bloquear do mundo,
que me deixa com saudade,
do que fui quando eu era,
apenas era o que eu gostava de ser,
mas até isso deitei tudo a perder.

e este medo que me faz errar,
agir e pensar e falar por mim,
que só me faz quebrar.

espera por mim,
não quero ter mais medo,
quero que estes demónios tenham um fim.

sei que já é tarde demais,
para mim,
para mim em ti.
não deixes que não sejam fatais,
as coisas que te vou dizendo,
porque não aguento mais,
este medo horrendo,
que me atravessa,
dispersa,
do que realmente sou.
se um dia te falhar,
espero que me perdoes,
porque a mim não me perdoo.

e este medo que me atravessa...

Quando

Gosto de ti. É uma estranha forma de começar uma frase mas a realidade é que gosto de ti. Gosto de ti até quando me irritas e quando fazes coisas que eu odeio. Gosto de ti mesmo quando digo que te odeio. Quando te ris por parvoíces sem sentido nenhum, quando perdes tempo em seres tu mesmo, ai sim, eu amo-te.